Muitas vezes, imitamos inconscientemente a
entonação da voz, a escolha das palavras e o gestual de outras pessoas;também
adotamos seus pontos de vista e os introjetamos como se fossem originalmente
nossos; esse comportamento é útil
para a convivência social.
Pense em um casal conhecido seu que viva
junto há muito tempo. Procure uma antiga foto dos dois e compare-a com outras
atuais. Provavelmente você notará que
essas pessoas têm se tornado mais parecidas com o passar dos anos. Esse
espantoso fenômeno foi descoberto pelo psicólogo social Robert Zajonc, nos anos
1980. O pesquisador falecido em 2008 e seus colegas da Universidade de Michigan
em Ann Arbour
apresentaram aos voluntários casais e pediram que avaliassem as semelhanças em
sua aparência. Realmente, os traços faciais das duplas que estavam juntas havia
muitos anos foram classificados como muito semelhantes. Ainda mais
surpreendente: quanto mais obviamente a fisionomía havia se tornado similar,
mais satisfeitos os dois estavam com o relacionamento, segundo as suas próprias
declarações.
Esse “efeito camaleão” foi abordado pelo
diretor Woody AlIen em Zelig, de 1983. O personagem principal, que dá nome ao
filme, se adapta física e psicologicamente ao seu meio ambiente — quando o
protagonista está rodeado por pessoas mais gordinhas, por exemplo, sua barriga
estufa. Nesse trabalho, Woody Allen apresenta uma caricatura da necessidade
humana de buscar conformidade. Obviamente não possuímos a capacidade de igualar
nossa aparência ao meio ambiente em segundos; no entanto, os seres humanos
tendem a imitar inconscientemente aqueles com quem interagem. Psicólogos falam
aqui em mimetismo (do grego antigo mimesis = imitação), com base no conceito
usado na biologia para designar o fenômeno segundo o qual algumas espécies
animais inofensivas assumem características externas de outra espécie mais
agressiva, para espantar predadores.
A capacidade humana de mimetizar é
aparentemente inata. Recém-nascidos com poucos dias de vida começam a chorar
quando ouvem outros chorando. Bebês entre 3 e 4 meses reproduzem movimentos
simples de boca e põem a língua para fora ao ver alguém fazer esse gesto. Aos 9
meses, os pequenos já imitam as expressões faciais de alegria, tristeza ou
irritação da mãe. Os pais tiram proveito desse desejo humano de imitar.
lntuitivamente, ao oferecer mingau aos filhos, eles próprios abrem a boca para
queo bebêtambém o faça — e em geral funciona.
Os adultos frequentemente
reproduzem a linguagem infantil ao falar com as crianças. Mas também imitam,
sem perceber, um interlocutor da mesma idade: se uma pessoa do Nordeste do
Brasil conversa com outra da região Sul, a primeira logo estará imitando
levemente o sotaque da segunda, e vice-versa. Ao conversarem, as pessoas
costumam buscar uma espécie de ajuste no que diz respeito à velocidade da fala,
ao ritmo, à impostação e ao vocabulário. Até mesmo a estrutura das frases usada
pelo outro é copiada.
A altura da voz e o estado
emocional das pessoas também são influenciados pelo meio ambiente. E o que
mostra, por exemplo, um estudo desenvolvido pelos psicólogos Roland Neumann e
Fritz Strack. Os cientistas, que hoje pesquisam nas Universidades de Trier e
Würzburg, Alemanha, apresentaram aos sujeitos do experimento uma gravação em
que um locutor lia em voz alta um texto filosófico. Mas enquanto metade dos
voluntários escutou a leitura com entonação alegre, a outra parte ouviu a
leitura em tom triste. Quando os participantes tiveram de repetir o texto, eles
não apenas assumiram a altura de voz similar à do locutor, mas também
demonstraram o mesmo estado de espírito que perceberam. A observação dos
aplicadores foi confirmada por uma entrevista feita na sequência com os
participantes. Dessa forma, as pessoas poderiam se assemelhar mesmo na
aparência: quem tem sempre um parceiro bem-humorado ao seu lado — e capta isso
por meio da mímica—caminha mais alegre pelo mundo.
Outro indício de como a imitação influencia
a aparência a longo prazo foi descoberto pelo psicólogo Ulf Dimberg, da
Universidade de Upsala, na Suécia, nos anos 1980. Ele mostrou aos participantes
fotos de pessoas alegres e irritadas enquanto registrava, por meio de sensores,
a atividade muscular no rosto dos observadores. Realmente, nas contrações
imperceptíveis refletiram as emoções apresentadas nas fotos.
Hoje, pesquisadores supõem que a
apresentação constante de uma expressão facial fortalece a musculatura e
influencia os vasos sanguíneos, o que, a longo prazo, pode modificar a própria
mímica. Uma pessoa que por anos a fio mantém um semblante preocupado tende a se
mostrar assim mesmo em situações nas quais não deveria estar dessa maneira,
como se o rosto adotasse determinada “máscara”, o que se reflete na forma de
essa pessoa se relacionar com os outros e até consigo mesma. Seguindo essa
lógica, podemos pensar que a imitação constante faz com que parceiros de fato
se tornem cada vez mais semelhantes com o tempo.
Esses estudos sugerem que, ao observar-mos
movimentos alheios, tornam-se ativas regiões cerebrais que coordenam a
atividade motora correspondente em nós mesmos.
A imitação social ainda cumpre uma função
importante: recém-nascidos já se comunicam dessa forma com seus semelhantes e
aprendem assim a se comportar de maneira adequada, inserindo-se no grupo. Esse
comportamento, porém, também se aplica a adultos que, por exemplo, após uma
mudança, precisam se integrar a uma nova comunidade. Como diz o provérbio,
“estando em Roma, aja como romano”. De fato, a imitação pode ser importante
para a integração e sobrevivência.
A psicóloga Jessica l. Lakin, da
Universidade Drew, em Madison, no estado de Nova Jersey, acredita que imitamos
nossos semelhantes principalmente quando buscamos conexão social, muitas vezes
também imitamos sem perceber.
Em um segundo experimento, Lakin demonstrou
que os socialmente excluídos tendiam a imitar seus pares, ainda mais quando
lhes era informado que todos haviam participado do mesmo jogo (e uma daquelas
pessoas poderia ter sido sua adversária).
Embora as conclusões de Jessica
l. Lakin façam muito sentido, é importante lembrar que não imitamos os outros
apenas quando nos sentimos deixados de lado.
A necessidade de mimetismo também cresce em
situações nas quais a proximidade é importante por outros motivos.
Será que as pessoas se reconhecem como mais
simpáticas quando se imitam mutuamente?
Por incrível que pareça, mas alunos e
professores consideravam seu relacionamento mais harmônico quanto mais
intensamente os estudantes imitavam as mímicas e o gestual do docente. No
entanto, a causa e o efeito nesse caso não estão claros: talvez o mimetismo
também ocorresse porque os envolvidos consideravam positivamente seu
relacionamento e, por isso, “seguiam o mestre”.
Aparentemente, o comportamento mimético
estimula a boa convivência e os vínculos sociais.
Aparentemente, as pessoas servem-se do
mimetismo quando buscam criar conexões, de maneira automática, sem se dar conta
desse procedimento.
Os efeitos da imitação, portanto, não são
ilimitados, mas comportam sutilezas que podem estar ligadas aos valores,
desejos e subjetividade de cada um, Além disso, os resultados confirmam mais
uma vez que a percepção e a ação estão estreitamente conectadas. Para
pesquisadores como o psicólogo holandês A. Dijksterhuis, da Universidade
Nijmegen, uma percepção sempre inicia também um comportamento correspondente.
O mimetismo, porém, também pode nos
influenciar negativamente de outras formas. Assim como chegamos em casa alegres
após uma noite em companhia de pessoas divertidas, o mau humor do chefe e dos
colegas também nos afeta. O risco é nos tornarmos cada vez mais parecidos com
algum “emburrado de plantão” com o passar dos anos.
Em nome do próprio bem-estar, vale ficar
atento.
Pr. Marcelo da Costa
A paz do Senhor.
ResponderExcluirParabéns pelo blog! excelente
Para consolidar ainda mais a nossa parceria, queria lhe convidar a fazer parte do grupo "blogs evangélicos" no site de divulgação 2leep.
Cadastrando seu blog no grupo, seus posts serão apresentados nos outros blogs e vice-versa.
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Léo Almeida
rochaferida.blog
Graça e paz Leo.
ResponderExcluirObrigado... já me cadastrei lá, só aguardando agora.
A paz do senhor pastor Marcelo, como vai?
ResponderExcluirSeu blog já faz parte do grupo de blogs evangélicos do 2leep.
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Qualquer dúvida estou a disposição
Deus abençoe!
Paz do Senhor, já está feito caro irmão.
ResponderExcluirDeus abençoe.
Senhor, poderia dar indicações de leitura deste assunto para que eu possa me aprofundar?
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