quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Não Podemos Usar o Púlpito Para Fazer Apologia a Ignorância.


   Que o pregador preocupe-se com seu conhecimento das Escrituras. Tudo que puder aprender sobre a Bíblia lhe será útil; e o máximo que já tem alcançado ainda não é o bastante. Sendo que pretende ser um interprete das Escrituras é imprescindível que a conheça profundamente. É detestável haver obreiros que, a pretexto de humildade, se esquivam de tornarem-se mestres nas Escrituras. O pregador é como um desbravador; um desbravador enviado pela cidade faminta a uma terra distante, com o único objetivo de encontrar e trazer o melhor que puder achar. Na cidade lhe esperam crianças, jovens e adultos que, atarefados em suas obrigações diárias, esperam pelo maná que está por vir. Que o desbravador não se atreva a trazer consigo menos do que lhe foi designado.
    Que o pregador preocupe-se com sua vida de oração. Um alerta se faz necessário aqui. Com o intuito de desmistificar a oração, muitos espalharam a idéia de que é possível orar em todo tempo, em toda situação e lugar. Com tal ensino pretendia-se derrubar a idéia de que oração é apenas aquela feita de joelhos. Está correto. No entanto, na prática, isso tem servido como travesseiro de penas para a consciência de alguns cristãos, inclusive obreiros. Nada pode substituir aqueles momentos que passamos exclusivamente na presença do Senhor, em oração. Da mesma forma que o café da manhã não substitui o almoço, e a música não substitui a exposição das Escrituras, a oração como exercício espiritual é insubstituível: “... quando orares, entra no teu aposento e fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto...” (Mateus 6.6).
    Haverá o pregador de se preocupar também com o seu preparo intelectual. Indiscutivelmente, o Espírito Santo tem utilizado, e de forma poderosa, pregadores sofríveis tecnicamente. Foi, por exemplo, o que aconteceu na conversão de um jovem que se tornaria o príncipe dos pregadores. Spurgeon nos conta que ao se refugiar da chuva no templo de uma Igreja Metodista, deparou-se com um pregador que despertava ‘dó’ em seus ouvintes; porém, o Espírito Santo usou aquele mensageiro para tocar profundamente no coração de Spurgeon. São casos reais que, no entanto, não servem como desculpa para aqueles que podendo receber melhor preparo, não o fazem, quer por preguiça intelectual, quer por um conceito errôneo de espiritualidade.
    Quanto mais culto é o pregador, mais fácil lhe será a árdua tarefa de falar em publico, desde a preparação do seu esboço, até o momento de entregar sua mensagem aos ouvintes. Isso facilmente se explica recordando que o cérebro humano funciona como uma espécie de arquivo que armazena e disponibiliza quantidade enorme de informações, sobre os mais variados assuntos, nas mais diversas áreas do saber.
    O pregador não deve confiar em alguma revelação instantânea que o salvará no púlpito. Quando o Senhor Jesus fez promessa de enviar aos seus discípulos um outro Consolador, disse-lhes: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26). Parando apenas na promessa de ser ensinado, muitos se esquecem do meio utilizado pelo Espírito: fazer lembrar.
    Durante cerca de três anos Jesus ensinou aos seus discípulos coisas que eles sequer eram capazes de assimilar no momento, mas quando o Dom da Promessa se realizou, todas aquelas informações passaram a fazer sentido e, hoje, são as bases da coletânea de escritos que conhecemos como Novo Testamento.
    Não é incrível que algum pregador atual se ache detentor de uma unção que nem mesmo os discípulos tiveram? Portanto, que o pregador invista em sua bagagem cultural. No caso de possuir alguma formação superior, não necessariamente em teologia, ele já trará consigo uma bagagem considerável. Seja como for, seus conhecimentos devem continuar sendo acumulados diariamente. Como fazê-lo? Com atividades simples como: cursos de especialização, reuniões cientificas ou culturais, visitas regulares a bibliotecas, a compra regular de bons livros, a leitura de um bom jornal diário, ou mesmo pela Internet. Com o passar dos anos o pregador irá notar que apesar do consciente se ‘esquecer’ de praticamente tudo o que leu, o inconsciente jamais o fará. Com efeito, o subconsciente criará um arquivo de informações que podem ser acessadas pelo indivíduo que acumulou conhecimentos através dos anos.
    Fazer anotações daquilo que se lê pode ser de grande auxilio para usos futuros, desde que se tenha o cuidado de organizar adequadamente tais informações. De nada valerá um punhado de anotações aleatórias e confusas. E a informática poderá ser de grande utilidade para o pregador. Utilizando o sistema de pastas virtuais, o pregador terá sempre em mãos algo semelhante aos melhores arquivos físicos que poderia comprar. Falaremos mais sobre esse assunto em outra ocasião.         
Deus continue abençoando os nossos pregadores.


Pr. Marcelo da Costa                    

6 comentários:

  1. Graça e Paz!

    Parabéns amigo. Mandando ver na burrice teológica que permeia os nossos púlpitos.

    É mais um pra lutar com a gente.

    Um forte abraço!

    Pr. Sérgio Pereira

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  2. Também eu gostei muito de passar por aqui
    beijos com poesia e a mão de Deus

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  3. A ignorância tem levado muitos a ruína.

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  4. Obrigado "Africa em poesia" por prestigiar nosso blog. Deus abençoe.

    Pr. Marcelo da Costa

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  5. Obrigado Erlon por seu comentário.
    Suas poucas palavras dizem muito caro amigo, ignorância nada mais é do que desconhecimento e falta de saber, esse por sua vez torna o sujeito alienado, o que é bom claro... para os sistemas existentes.
    Abraço.

    Pr.Marcelo da Costa

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  6. Pastor tenho observado que essa cultura do analfabetismo teológico tem persistido em muitas igrejas, mas algumas como as AD , já tem evoluído bastante, vou colocar seu link lá no meu blog/site também Pr. Marcelo, Abraços....
    obrigado pela parceria.

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