Um dos últimos temas tratados por Jesus foi sobre o modo de
governar e de poder entre as pessoas. A proposta virtuosa de poder de Jesus foi
elaborada em torno de uma mesa durante a celebração da Ceia do Senhor. A ênfase
simbólica foi fotografada: em torno da mesa e do gesto da partilha. No
instituição da Ceia, surgiu uma discussão entre os apóstolos: qual deles seria
o maior. Jesus, percebendo a competição
narcisista entre os seus companheiros.
Entre eles houve também uma discussão sobre qual deles
deveria ser considerado o maior. Jesus, porém disse: “os reis das nações têm
poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade são chamados
benfeitores. Mas entre vocês não deverá ser assim. Pelo contrário, o maior
entre vocês seja como o mais novo; e quem governa, seja como aquele que serve.
Afinal, quem é o maior: aquele que está sentado à mesa, ou aquele que está
servindo? Não é aquele que está sentado à mesa? Eu, porém estou no meio de vocês
como quem está servindo” Lc 22.24-30.
A leitura desse
texto ilustra e esclarece o sentido do inconsciente e a estrutura edípica que
habita entre nós. A dissonância entre o gesto amoroso de Jesus e as fantasias
ambiciosas de poder dos apóstolos é flagrante. Na véspera de sua morte, Jesus
cria um dispositivo autogestivo em torno de uma mesa, servindo pão e vinho a
cada um de seus convidados.
Jesus denuncia a
forma de governar dos reis. Salienta que os reis preferem a egofilia o gostar
de si mesmos; por isso os reis são solitários. Os solitários não amam, ausentam-se,
defendem-se, fecham-se e recusam-se à participação ao trabalho de equipe e à
autonomia dos companheiros. Mostra que é
possível um grupo autogestionar-se, que é mais saudável os participantes
interagirem e amarem sem a presença de um grande líder. Jesus rompe com a ideia da centralidade do
mito, do poder narcisista fálico e do excessivo mais gozar solitário.
Jesus sinaliza a
autonomia e propõe o amor interpessoal e grupal. Inaugura uma relação que
abomina a dependência e a possessão em torno do chefe que amplia, o abismo de
insaciáveis carências.
Jesus propõe um
corte nas fixações neuróticas afetivas em torno do pai, que produzem disputa
avarenta e obscena, delação do traidor, insídia, adulação regressiva infantil.
O paradigma de
governar de Jesus de Nazaré desconstrói a forma de governo onde o bispo, o
pastor, o superior, o provincial ou superiora, o líder do conselho tem a última
palavra. Jesus amplia a paixão e o amor entre todos. Não à monomania da paixão,
sim à polissemia da união entre os/as irmãos/ãs. A festa da última ceia conseguiu aglutinar as
três virtudes: agapé, philia e eros, ou seja, a felicidade e alegria, o amor e
o prazer.
Lamentavelmente,
os apóstolos, embriagados e fixados no excesso do puro gozo, não souberam desfrutar
desse convívio. Sem dúvida, aquele que bebe sozinho se fecha. Aquele que está
voltado apenas para dentro de si teme sair da realidade sensível com os outros.
Os discípulos não substituíram o puro gozo do narcisismo fálico pelo prazer
afetivo da convivência fraterna.
Temos que nos
perguntar, ainda, se as transformações na composição da vida da igreja como
desencanto, sofrimento físico e psíquico, perda de prestígio, aburguesamento, crise
de redução de vocações, sentimento de inutilidade, menor valia, desamparo, isolamento,
ausência de mística e profetismo, e outros mais São sintomas do que se pode
detectar como uma crise ética na sociedade contemporânea?
Acredito que a
Igreja que está em crise é justamente a organização institucional que
desacelerou a sua forma de utopia e sonho. É o modelo no qual germinaram as
modalidades individualistas, incomunicáveis, centralizadoras, as restrições
afetivas impostas, sobre tudo às mulheres, a claustrofobia doméstica em torno
de igrejas fechadas, que contribui para fixar as pessoas sem perspectiva política/profética
e sem a ternura amiga.
A rivalidade
fratricida que aparece, recorrentemente, entre pastores, religiosos/as e leigos
é muito mais a forma de organização em torno de uma figura monárquica vertical
e onipotente do que a simples constituição do ser humano.
Na sociedade vêm
surgindo novas formas de poder. Menos centradas na função paterna ou materna.
Observam-se novas formas de pacto e a1ianças entre os irmãos/ãs. Hoje tem sido
revalorizado, na sociedade civil, o poder da fratria, do trabalho de equipe
mais condizente com a vida dos primeiros religiosos mendicantes. A Igreja
mudou? A amizade entre os/as irmãos/ãs, aquilo que era mais precioso, perdeu a força?
Se lutarmos, pastores,
presbíteros, diáconos, auxiliares, liderança e leigos para fazer avançar a
Igreja, ainda é preciso saber pelo que lutamos. Penso que não vale a pena lutar
para manter e conservar a transmissão de leis, normas, estatutos e
constituições ou os mesmos e velhos “caminhos que levam a Roma”. E se a luta
for por uma Igreja em invenção e criação de poder? Por ela eu diria que sim, porque pode tornar,
voltar a ser, apaixonante, cheia de graça e relevante socialmente, desde que
cultivemos novos territórios extraídos de sonhos, de utopias ativas do Mestre
Fundador.
Pr. Marcelo da Costa
Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
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Olá!!
ResponderExcluirGostaria de ganhar uma renda extra com o seu blog trabalhando 1 hora por dia em seu computador?
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Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirQue neste Natal,
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma oração de paz.
Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma oração de amor.
Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma oração de perdão.
Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma oração de esperança.
Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma oração de alegria.
Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma oração de fé.
Obrigada Senhor
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.
Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.
Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.
Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.
Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.
Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra.
FELIZ NATAL E UM ANO NOVO
NA PRESENÇA DO DEUS TODO PODEROSO
JESUS CRISTO, SENHOR E SALVADOR NOSSO!!!
Em Cristo,
***Lucy***