segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Integridade de Deus em Meio as Tragédias

Muitos dizem que os desastres naturais e sociais que têm acontecido no mundo são obra de um Deus irado com o mundo pecador. Dizem que todas essas catástrofes teriam por trás a mão de Deus: o massacre em Ruanda, o tsunami na Indonésia, a enchente em Nova Orleans, o terremoto no Haiti. Essa é a visão que muitos cristãos têm de Deus, mas seria essa a imagem exata da pessoa divina? Um Deus controlador?  Um Deus irado, pronto para castigar? Um Deus incapaz de poupar? Porem, tudo isso não faz sentido. Não faz sentido associar o holocausto com Deus. Não faz sentido um Deus que ama os pobres e se compadece pelos oprimidos provocar tais tragédias, pois exatamente os pobres e oprimidos são as maiores vítimas das tragédias.
Não é correto fazermos o mal e depois colocarmos suas consequências na conta de Deus, dizendo que o governo é d’Ele, quando nós é que temos administrado a vida e os recursos naturais. Como pode conseguir entender Deus orquestrando essas tragédias, fazendo vítimas e empobrecendo a muitos?
Precisamos ver Deus da forma correta e não como um Deus irado jogando pragas e raios na humanidade. Precisamos vê-lO como um Deus que gentilmente torna-se um ser humano e até morre na cruz por amor a nós. Sua morte revelou o quanto Deus, de fato, tem um propósito firme para a humanidade. O que faz Deus ser glorioso não é o poder que Ele tem para destruir. Está na capacidade de transformar, construir e de amar incondicionalmente.
Nós precisamos aprendamos deixar de colocar a responsabilidade nos outros e fazer nossa parte em amor.
Há alguns problemas que se formam quando pensamos que Deus é um Deus controlador, irado, incapaz de poupar. Primeiramente, não percebemos que se dissermos que tudo o que acontece com o mundo é da responsabilidade de Deus nós O associamos não apenas com o bem, mas também com o mal.
Por exemplo, se Deus é o responsável por tudo, então teria sido de sua responsabilidade o horror nazista, que massacrou mais de seis milhões de judeus durante a segunda guerra mundial. Teria sido Deus o responsável pela tragédia de Chernobyl, um acidente nuclear em que milhares de pessoas sofreram na União Soviética. Se Deus fosse o responsável pelo mal o que acontece, nós O faremos responsável pelo massacre em Ruanda, onde em dias de profunda insanidade duas tribos rivais fizeram quase meio milhão de vítimas. Cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foi violentada. Muitas das 5.000 crianças nascidas dos estupros foram assassinadas. Não faz sentido associar isso com Deus.
Você já pensou sobre quais são as maiores vítimas dos desastres naturais? São os pobres. Em geral, os rios não enchem os bairros nobres das grandes cidades, porque ficam em lugares altos e privilegiados. A maioria dos terremotos não derruba os edifícios construídos com tecnologia de ponta das grandes cidades que têm amortecedores em sua base Se a terremoto de Haiti houvesse atingido o Japão, as conseqüências teriam sido menores. Este é porque Japão é um país construído com alta tecnologia de engenharia civil e têm uma infra-estrutura capaz de socorrer sua população diante de tragédias.
Se for Deus quem orquestra as tragédias, por que só puniria as populações pobres, poupando os ricos? A Bíblia não mostra que Deus não apenas se compadece dos pobres como também nos instrui a cuidar dos que nada tem?
Pensando assim de Deus não faz sentido. Não faz sentido associar o holocausto com Deus. Não faz sentido um Deus que ama os pobres e se compadece pelos oprimidos, provocar tais tragédias, pois exatamente os pobres e oprimidos são as maiores vítimas.
Como é sua imagem de Deus. Por que o mal e as tragédias acontecem? Acontecem por causa da natureza, das contingências da vida e da liberdade humana.
Deus não criou um mundo mal e nem a maldade. Por outro lado, Deus não criou um mundo de marionetes. Criou seres capazes de escolher e modificar tudo em seu derredor. Éramos nós que temos escolhido modificar o mundo de forma egoísta, causando sérios danos ao nosso planeta.
Deus nos presenteou com a liberdade e nos tem ensinado o caminho do bem.
PorÉm, temos causado muitos males ao próximo em razão dessa mesma ganância, criando um sistema injusto de distribuição de riquezas, gerando desigualdade e opressão.
A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) das Nações Unidas diz que o problema da fome não será resolvido em menos de 30 anos. Até lá, as estatísticas são as piores possíveis. Vinte e cinco mil pessoas morrendo de fome a cada dia. Seis milhões de crianças até cinco anos de idade morrendo a cada ano de fome e diarréias. Tudo isso porque faltam US$ 24 bilhões anuais para tocar os programas capazes de mudar o quadro.
Segundo a ONU, não se trata exatamente de falta de alimentos. No ano passado, a produção mundial de cereais chegou a 1,83 bilhões de toneladas, o que equivale a uns 300 quilos por habitante por ano ou quase um quilo por dia para cada um dos 6,1 bilhões de habitantes do planeta.
O problema está na repartição. Em 1960, os 20% mais ricos da humanidade tinham renda 30 vezes maior que os 20% mais pobres. Em 1995, tinham 82 vezes mais. Oitenta e seis porcentagens dos produtos do mundo são consumidas por apenas 20% da população mundial e esta se encontra em quase toda nos países desenvolvidos.
Assim, o mal deste mundo é de nossa responsabilidade e não de Deus.
Não é correto fazermos o mal e depois colocarmos suas conseqüências na conta de Deus, dizendo que o governo é d’Ele quando nós é que temos administrado a vida e os recursos naturais. Como pode conseguir entender Deus orquestrando essas tragédias, fazendo vítimas e empobrecendo a muitos?
Quando somos capazes de imaginar Deus causando tamanho sofrimento às pessoas é sinal de que precisamos reaprender quem é Ele. A melhor maneira de conhecer quem é Deus é entender que Jesus é a verdadeira face de Deus.
Se quisermos entender quem é Deus, precisamos olhar para Jesus, porque Ele é a imagem exata de Deus. A Bíblia afirma: “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa.” Hb 1.3
O que este versículo nos diz é que tudo o que Deus é foi expresso através de Cristo.
“O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa.” Hb 1.3
Por mais duas vezes o Novo Testamento reforça esta verdade. Cl 1.15 diz que Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Em 2 Co 4.4 está escrito que o evangelho é a luz da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Em suas próprias palavras, Jesus afirma esta verdade: “Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto.” Jo 14.7 “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” João 14.9 Finalmente, a Bíblia fecha esta questão ao afirmar categoricamente que Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo: “Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.” Cl 1.19-20 Precisamos ver Deus da forma correta. Não um Deus irado jogando pragas e raios na humanidade, mas um Deus que gentilmente torna-se um ser humano e até morre na cruz por amor a nós.
A mais radical expressão de quem Deus é está na cruz de Cristo. Sua morte revelou a verdadeira face de Deus, um ser compassivo justo e amoroso. Sua morte revelou o quanto Deus de fato tem um propósito firme para a humanidade.
A morte de Jesus foi uma oposição. Recebendo a morte, Ele estabeleceu a vida. Recebendo a culpa, Ele aniquilou a condenação. Recebendo o ódio, Ele estabeleceu o amor. Recebendo o mal dos seres humanos, Ele venceu o mal.
A morte de Jesus na cruz foi uma perfeita demonstração de quem Deus é. Deus é soberano, mas sua glória não está na capacidade de destruir tudo, pois isso qualquer déspota faz. A bomba de Hiroshima teve o calor de 10 mil sóis. Apenas um botão apertado e mais de 100.000 pessoas morreram. Hoje, as bombas existentes fazem com que a de Hiroshima pareça brincadeira de criança. Basta um botão ser pressionado e países inteiros são destruídos.
“Deus [abençoou os homens], e lhes disse: ‘Seja férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’.” Gn 1.28,29 Assim, o que faz Deus ser glorioso não é o poder que Ele tem para destruir. Está na capacidade de transformar, construir e de amar incondicionalmente. Está na capacidade de amar incondicionalmente e de promover o bem para todos os seres humanos.
Precisamos parar de responsabilizar Deus por nossos problemas e por nossas más ações. Isso causará um terrível dano à nossa fé. Responsabilizar Deus é uma terrível maneira de tirarmos de nós a responsabilidade para com mundo.
O desafio da fome é nosso e não de Deus. Fomos nós que provocamos a fome.
A inflação é uma falha de nosso sistema econômico. A exploração da mão de obra do pobre é uma falha de nosso caráter. O desafio ambiental é nosso e não de Deus. Nós é que entupimos os bueiros com lixo e sofremos as enchentes. Nós é que matamos os rios e sofremos com a falta de pescado. Nós é que jogamos gás metano na atmosfera e sofremos com o ar tóxico e a baixa qualidade de vida. Dizer que “é da vontade de Deus” é uma maneira cômoda de isentar-se de qualquer responsabilidade e desafio.
Deus não poderia estar associado às tragédias sociais e naturais. Seu coração é outro. Na Bíblia, Ele diz que devemos cuidar bem da terra  Gn2.15. Deus afirma não se agrada da morte dos que não O conhecem Ez 33.11. Como um Deus assim poderia planejar tragédias? Deus quer justiça social e não um mundo de exploração e opressão, conforme nos afirma em Is 58.
A pergunta que precisa ser feita diante das tragédias não é de quem foi a culpa, mas qual é a minha responsabilidade agora e daqui por diante?
O que fazer a partir dos desastres e tragédias? A resposta a esta pergunta é a essência do Cristianismo. É a proposta de Deus em Cristo de amar o próximo até às últimas conseqüências. Jesus disse: “Amem-se uns aos outros como eu os amei.” Jo 14.12 Como Ele nos amou? Sendo Deus, desceu ao nível de nossas limitações. Foi até as últimas conseqüências para resgatar nossas vidas. Precisamos parar de olhar para nosso umbigo, lamber nossas feridas em nossas orações e acordar para um mundo que está desmoronando entre tragédias naturais, ambientais e sociais. Isso é o reino de Deus: gente de carne e osso fazendo o conselho de Deus. Qual é o conselho de Deus?  Vamos deixar que Ele fale por si mesmo: “...façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam...” Mt 7.12 Você pode ajudar a transformar o mundo. Essa é a missão do Cristianismo nesta terra. Porém, para isso acontecer, precisamos deixar de colocar a responsabilidade nos outros e fazer nossa parte em amor. Junte-se a Deus no bem que Ele deseja expressar através de sua vida.
“Assim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a
sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda.” Is 58.8


Pr. Marcelo da Costa

3 comentários:

  1. Paz do Senhor pastor. “...façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam...” Mt 7.12 Você pode ajudar a transformar o mundo. Infelizmente esse trecho tão nobre de seu artigo não tem sido uma prática constante em nossos dias, muitos ainda acreditam que a missão do Cristianismo está como única responsabilidade dos líderes. Mas oremos para que toda igreja na face da terra possa cumprir essa relevante missão.

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  2. Paz do Senhor! Obrigado por seu comentário, me sinto honrado com sua participação.

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